Desenvolvendo a Conexão do Autista com a Realidade Através da Terapia com Animais
Um dos maiores desafios observados em crianças autistas é a dificuldade da conexão das mesmas com a realidade; especialmente, em interações interpessoais (inclusive com os próprios pais ou cuidadores). O psiquiatra suíço Eugen Bleuler (1908 apud Dalgalarrondo, 2008, pág. 330) explica que: “[o] autismo, como tendência a um isolamento psíquico global em relação ao mundo, um ‘ensimesmamento’ radical”.
Algo que o articulista do blog "ASD – Autismo, Saúde e Direito", Marcos Ribeiro exemplificou
como a dificuldade da filha em olhar nos olhos dele (o pai), no seu artigo, intitulado
“Olha nos Meus Olhos”: “minha princesa
até os 02 (dois) anos de idade não conseguia sustentar o contato ocular. A ausência do ‘olho no olho’ é, a um só tempo,
uma das marcas mais presentes no TEA”. Além
de Ribeiro (2021) comentar como é difícil se conectar com uma outra pessoa, em
uma conversa, quando não há contato ocular. Fato este que é extremamente comum com
crianças do espectro autista.
Por causa desta característica peculiar dos autistas,
como psicóloga, recomendo, fortemente, a terapia e a convivência com animais
domésticos. Visto que os animais não julgam, nem cobram; e, sim, são
companheiros, dotados de um amor incondicional, o qual libera o precioso
hormônio da oxitocina, fundamental para a homeostase do corpo humano.
Assim, dentre as terapias com animais disponíveis, no
Brasil, indico a equoterapia descrita como,“um método terapêutico que utiliza o
cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e
equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com
deficiência e/ou com necessidades especiais (ANDE-BRASIL,1999)”.
Dentre os registros históricos que temos sobre as
vantagens da terapia com cavalos, Galeno de Pérgamo, médico e filósofo romano
(130 a.C. - 199 a.C.), foi o consolidador e divulgador dos conhecimentos da
medicina ocidental, quem enfatizou os benefícios da atividade equestre.
Ademais, durante a Guerra Civil norte-americana, John
Pringle:
“Observandoos militares que
combatiam a pé e a cavalo, em 1752, constatou que estes últimos eram menos
atingidos por doenças endêmicas. Em seu livro ‘Observações acerca das doenças
dos militares’, cita a equitação como destaque importante na preservação da
saúde dos exércitos. (ANDE – BRASIL, “A história da Reeducação Equestre”,
s.d.).”
Já, atualmente, o público-alvo da equoterapia é de pessoas
com deficiências físicas e/ou com necessidades especiais, tais como: lesões
neuromotoras, patologias ortopédicas congênitas ou adquiridas por acidentes,
disfunções sensório-motoras e transtornos psicológicos (evolutivos,
comportamentais, de aprendizagem, emocionais). Transtornos dentre os quais,
engloba-se o autismo.
A supracitada técnica terapêutica, para transcorrer,
conta com a atuação de uma equipe interdisciplinar, que deve ter, no mínimo, os
seguintes profissionais: psicólogo, profissional de equitação e um
fisioterapeuta. Entretanto, todos os profissionais que podem participar deste
trabalho são: psicólogo, terapeuta ocupacional, médico, fonoaudiólogo,
fisioterapeuta, psicomotrista, instrutor de equitação, veterinário, tratador,
auxiliar-guia, pedagogo, psicopedagogo e professor de educação física.
Diana Motta Nogueira Reis – psicóloga
E-mail: dianamotta.psi@hotmail.com
Clique aqui e saiba mais sobre a ASDBR e a atuação dos advogados especializados nos direitos dos autistas:
https://www.asdbr.com.br/autismo
Referências Bibliográficas:
ANDE-Brasil, Associação
Nacional de Equoterapia. Disponível em: <http://equoterapia.org.br>. Acesso em 16
de abr. de 2021.
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e
semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed; 2008
FERRARI, Juliana Prado. A prática do psicólogo na
equoterapia. Trabalho de Conclusão de Curso da Universidade Presbiteriana
Mackenzie, 2003.
RIBEIRO, Marcos. Olha nos meus olhos. ASD – Autismo Saúde e Direito, 2021. Disponível em: <https://autismosaudeedireito.blogspot.com/2021/03/olha-nos-meus-olhos.html>. Acesso em: 16 de abr. de 2021.