Cores Marcam Campanhas pela Saúde (Física e Mental)

O Setembro Amarelo, o Outubro Rosa e o Novembro Azul e Novembro Roxo são meses coloridos dentre a aquarela de campanhas surgidas, na última década, visando promoção da saúde, qualidade de vida e atenção para problemas de saúde específicos, como:

Setembro Amarelo - é uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio, iniciada em 2015. O mês de setembro foi escolhido para a campanha porque, desde 2003, o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio;

Outubro Rosa - é uma campanha de conscientização que tem como objetivo principal alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e mais recentemente sobre o câncer de colo do útero;

Novembro Azul – é uma campanha de conscientização da sociedade, em especial, dos homens sobre doenças masculinas, com ênfase na prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata;

Novembro Roxo -  é uma campanha dedicada à sensibilização para a prematuridade dos bebês, significando o respeito à sensibilidade e a individualidade de cada bebê prematuro no seu desenvolvimento.




O objetivo do presente texto é enfatizar a importância destas campanhas e abordar a relação entre câncer de mama e transtornos mentais.

Segundo a organização mundial de saúde, no mundo, um terço dos indivíduos tem ou terá um transtorno mental ao longo da vida (Vigo et al, 2016).

Aproximadamente, 970 milhões de pessoas tiveram um transtorno mental, em 2017, segundo o estudo Disease Injury Incidence and Prevalence Collaborators de 2018.

Segundo este mesmo grupo, há uma alta prevalência de depressão, ansiedade, transtorno bipolar, esquizofrenia/outras psicoses, demência, transtornos por uso de substâncias, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e transtornos de desenvolvimento na população em geral.

Neste cenário, ansiedade e depressão são os transtornos mentais mais comuns, sendo o Brasil é o país mais ansioso do mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Os gastos com saúde e tratamentos representam custos diretos e indiretos do adoecer mental, custo este que vai mais do que dobrar até 2030. O impacto econômico dos transtornos mentais previsto entre 2011 e 2030 é estimado em US$ 7,3 trilhões (Bloom et al, 2011). Para vocês terem a ideia do que isso significa, o PIB anual do Brasil chega a 2 trilhões de dólares.

São número impressionantes, tristes, endêmicos, catastróficos e inevitáveis.

O mesmo vale para o câncer de mama. O câncer de mama é o tumor maligno mais incidente em mulheres, em todas as regiões do Brasil.  Segundo o INCA, estima-se para este ano quase 70.000 casos, o que dá uma incidência de quase 50 por 100.000 habitantes.

Câncer de mama também ocorre em homens (sim, homens também têm mama!), mas ser mulher é o principal fator de risco para este tumor.  Portanto, precisamos alertar.

Estamos falando de dois grupos de transtornos altamente prevalentes e incidentes.  A comorbidade (ocorrência simultânea de ambas as doenças) é a regra.  Além do mais, há uma relação biológica e estatística bidirecional entre ambos: ter um transtorno depressivo ou ansioso propicia ao câncer e vice-versa.

Tanto os transtornos mentais quanto o câncer de mama são patologias cercadas de estigmas.  A mama simboliza para a mulher, em um substrato psíquico mais profundo, a feminilidade, a fertilidade, o provimento, a sexualidade, o desenvolvimento físico e mental, e muitos outros pontos.

A grande mídia e as décadas de tratamentos menos eficazes, associados à dificuldade de acesso aos próprios tratamentos, fez o senso comum e o imaginário popular correlacionar o câncer de mama a ideia de mulheres mutiladas, deformadas, deprimidas, sem cabelo, definhando e morrendo a olhos vistos.

Muitas mulheres retardam ou evitam os rastreios e buscas pelo diagnóstico, justamente, por temerem se enquadrarem neste estigma.

Em todos esses processos, em todo este contexto, é claro que a depressão e a ansiedade estão na sala de espera.

A boa notícia: transtorno mental tem tratamento e, em geral, quem o tem melhora muito com a terapêutica.  Igualmente, para o câncer de mama, que tem rastreio, diagnóstico e tratamento com sucesso.

Em caso de dúvida, converse com um profissional de saúde de sua confiança. Pode ser um médico ou médica, a ginecologista, o psiquiatra, a psicóloga, qualquer profissional habilitado saberá lhe acolher, informar e, principalmente, encaminhá-la para a ajuda eficaz.

As cores das campanhas de saúde do governo servem para alertar e tratar os problemas com a devida prevenção, quando tudo pode ser melhorado e curado.

 

Por Thiago Campos de Oliveira - médico psiquiatra

E-mail: dr.thiagocampospsiquiatra@gmail.com


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