Relatos de um Pai – uma série de 7 artigos - #1
Pais e Mães, Amigos e Amigas de pessoas especiais, sejam muito bem-vindos!
Espero que estejam todos BEM.
Sempre me refiro às pessoas que amo como especiais. Todos o somos, enfim.
Volto a escrever, aqui e agora, com o propósito de compartilhar minhas experiências e um pouco da minha jornada. Como PAI de uma criança Autista há nove anos. Muito caminhei e ainda tenho muito para caminhar. Muito ajudei e por muitos fui ajudado. Muito errei e muito mais deveria ter errado! Cometer erros novos é essencial para inovar e conquistar novos terrenos.
É sempre bom lembrar que este texto é sobre relatos de um pai e, em hipótese alguma, deve ser entendido como um artigo científico; quem, de fato, tem competência técnica para aconselhar e acompanhar em terapias são os profissionais de cada área: psicólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, médico, fisioterapeuta, dentre outros.
Por outro lado, também sempre registro: não existe exame mais preciso que um olho no olho para conhecer seu filho. Você tem tudo para ser a maior ponte entre ele e o mundo “aqui fora”. Faça valer esse super-poder!
Nessa série de relatos, vou compartilhar minhas experiências com várias experiências e abordagens, registrando quando e como o que deu e o que não deu certo conosco. Foram centenas as tentativas com dezenas de profissionais. Todos contribuíram de uma certa forma. Inclusive aquilo que “não funcionou”, pois é justamente o que ajuda a calibrar a percepção e interação com as necessidades do autista.
Como primeiro momento, sempre digo: não deixe o urgente tomar o lugar do importante. O importante é sempre entender e perceber justamente aquilo que seu filho mais precisa naquele estágio e concentrar bastante energia e carinho naquela tarefa. Não existe receita de bolo nem ordem pré-definida: vocês dois, juntos, vão descobrir o que é o mais importante em determinado momento.
No caso de nossa pequena, como muitos pais passam, mesmo as de crianças tidas como “neurotípicas”, a escolarização bate na porta em torno dos 2 a 3 anos de idade como algo importante. Aos 3 anos, uma criança que não conseguia "ficar parada um minuto sequer em uma sala”, causando transtornos para a estrutura da escola e para o aprendizado de outras crianças, faz com que “acalmá-la” seja algo urgente. E isso toma tempo e energia nossos.
No caso concreto deste momento
da escolarização, tendo que cuidar do “todo”, percebi que precisava cuidar das
“partes”. Relacionei 10 coisas
importantes para trazer minha filha para uma zona de equilíbrio no ambiente
escolar e consigo própria e resolvi cuidar de um de cada vez. A primeira delas, no nosso caso, era o
desfralde e a organização para utilização do sanitário. A outra era aprender a lanchar como os demais
coleguinhas. A mãe e eu decidimos:
enquanto ela não aprender a utilizar com autonomia o sanitário, em níveis de
proximidade com os coleguinhas, não vamos dedicar nem tempo nem energia em
outras frentes.
Isso exigiu paciência, mas o tempo foi passando e começamos a vencer um desafio por vez! A cada quest conquistada, animávamo-nos, reenergizávamo-nos e partíamos para o próximo tema com ânimos em alta! Melhor ainda – e isso ficou extremamente perceptível com o passar do tempo – a criança aos poucos começa a se perceber diferente e começa a querer ter comportamentos e interações com proximidade às crianças da sua turma. E a cada conquista que você a ajuda a superar, a criança também se reenergiza e começa a aprender a gostar de vencer. Disso resulta a construção e retroalimentação de um ciclo virtuoso, composto de momentos de envolvimento, conhecimento mútuos, confiança e amor.
Quanto mais juntos, mais vocês vencerão. Chorar juntos, às vezes, é também uma vitória, se esse choro decorrer de entrega, compaixão e cumplicidade. Traçar um objetivo de cada vez, investir nele a partir do que a criança precisa, olho no olho e peito no peito, na nossa jornada, ajudou a vencer e superar dezenas de dificuldades - do “pipi” ao “ABC”.
Nos próximos relatos vou trazer um pouco das abordagens que utilizamos. Posso até deixar um spoiler: fisioterapia, fonoaudiologia, psicoterapia, neuropediatria, Ozônioterapia, Homeopatia Cease-detox, Métodos do Hanen Institute, Methyl-cobalamina B12, Microfisioterapia, Neuromodulação e NeuroFeedback foram algumas das nossas andanças, juntos. Vou me esforçar para trazer um pouco de cada uma delas.
Até a próxima e fiquem BEM!
Marcos Ribeiro
Marcos Paulo Ribeiro - jurista.
E-mail: adv.mpribeiro@gmail.com
Clique aqui e saiba mais sobre a ASDBR e a atuação dos advogados especializados nos direitos dos autistas:
https://www.asdbr.com.br/autismo
Conheça a nossa página no Facebook: ASD - Autismo, Saúde e Direito.
Compartilhe!